quarta-feira, 29 de julho de 2009

Meio dia no sertão



Ravinas formam teias por todo o chão de barro. A sala escura e abafada é sustentada pelas varas. O chinelo de couro no canto do cômodo, o chapéu de palha caído, a pexêra queda na cintura do homem entristecido. Seu rosto lembra a textura do solo. Todo o silêncio é rompido pelo ronco da barriga que logo cede a mistura de farinha e água.

2007

Imagem: Retirantes (1944) - Portinari

PS: Reparem na implícita simbolização da morte, através da imagem de uma foice, que o urubu forma com o cajado do velho.

2 comentários:

Anônimo disse...

esse livro é MUITO bom.
li por causa do vestibular quando fiz, mas por mim leria mais vezes.
e olhe que já foram mais de três!

Luciana Zacarias disse...

Não foi retirado do livro, Drika, rs. Fui eu que escrevi (talvez influenciada por Graciliano, sim).